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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

YVAN AVENA

 

(Marseille – França, 1930)

 

Escritor, poeta e tradutor. Em 1941, emigra com seus pais para a Argentina onde fez longos estudos de engenharia mecânica.
Em 1951 conheceu os poetas do grupo de vanguarda Poesia Buenos Aires, e os pintores de MADI. A partir de 1991, em tempo integral, traduz e ilustra poesia latino-americanas.
Atualmente reside em Goiânia, Goiás.

 

BRITO, Elizabeth Caldeira, org.  Sublimes linguagens.  Goiânia, GO: Kelps, 2015.   244 p.  21,5x32 cm.  Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques.  ISBN 978-85-400-1248-6 BRITO, Elizabeth Caldeira, org.  Sublimes linguagens.  Goiânia, GO: Kelps, 2015.   244 p.  21,5x32 cm.  Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques.  ISBN 978-85-400-1248-6

Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

         MENTIRAS

Eu estou cansado
Muito cansado mesmo
De andar dando voltas
Ou guiado por traços quebrados
Como uma fera
Como um esquilo
Como um prisioneiro
Os pés de chumbo
A cabeça esgotada
O coração despedaçado
Por tantas e tantas
Mentiras e crentes
Para escutar.



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Eu viajo e viajo por toda parte
Grandes M de Mãe
E grande C de Coca
Multidões de F em Ford
De T de Toyota.

Eu vejo por toda parte
N de Nestlé e S de Esso
I de Ibm e D de Disney

Eu vejo de A a Z

       Painéis enchem as ruas
Enchem os olhos
De terra de fogo
No Alasca
Em Saint-Bricuc
Em Calcutá.

Mas eu não vejo em nenhuma parte
Entre tantas cores e gritos
O P de Poesia
Nem o A de Arte.



IONQUIETO

      
(A Stig Carlson e ao seu poema Road on Road)

        Eu estou inquieto pela realidade
Pela crueldade do mundo
E pelo desespero das vítimas.

Eu estou inquieto por tudo o que se movimenta
E por tudo que impede de se movimentar.

Eu desejo a revolução
Mas temo a destruição
Das minhas referências e do que adquiri.

Eu recuso a sociedade de consumo
Mas como evitar o consumismo?
Não quero tornar-me escravo
De um sistema imensamente desumano
E, entretanto, eu suportei o intolerável.

 

       Eu acompanho envergonhado o dócil cortejo
Das vítimas consentidas da propaganda.

Podem reprovar-me por ser normal?


 

       Alhures, todos os meus amigos me dizem:
“Não é um poema que vai mudar o mundo.”

 

 

      

       EU TAMBÉM TENHO MEDO

Eu tenho medo de dizer
Mas quando os vejo
Em bando
Sujos
Magros
Os olhos vencidos
O olhar abestalhado
Errantes como cachorros
Abandonados
Esquecidos
Repudiados
Por pessoas sérias
Que acreditam em Deus
Fechar o coração
Fechar os olhos
E mudar de calçada
Para não os encontrar
Por medo
Eu tenho vergonha de dizer
Por medo
Do lobo
E entretanto
São apenas crianças
Crianças das ruas
Famintas
Abandonadas
Esquecidas
Pela nossa bela civilização
De supermercados.

 

 

 

       EU AMARIA SER POETA

Eu amaria como qualquer um de vocês
Escrever poemas azuis
Poemas doces
Sobre a tarde nos bosques
E as corças encurralada pelos cães que latem.
Eu amaria extasiar diante das ondas
E falar das espumas e das algas
E também da eternidade
Diante do mar imenso
E poder dizer que a montanha é bela.

Eu amaria criar bardos
E falar com as musas
Do fundo da minha alma (eu tenho alma)
Para que meu canto ocupe totalmente
O coração das virgens.

Eu amaria ser um verdadeiro poeta
Com lágrima nos olhos
Cada vez que cai uma folha
E poder, eu também, ignorar
As bombas que caem sobre os túmulos.



       CHOVE

Chove forte
Uma verdadeira chuva tropical
Que cai e cai
— Não riam —
De cima para baixo
Como um rio
Com peixes alados
E florestas de feno
No clarão dos relâmpagos
Que iluminam
O vraoum do trovão
Que estala e que vocifera
Toda a raiva
E que esgarça as nuvens
E faz tremer as pedras
E as ondas vermelhas
De todos os mares
Do fundo da terra.

       Chove
rios borbulhantes
Que formam torrentes
Largas como os oceanos
— Não riam —
Isso cai de cima para baixo
Isso cai do céu
       Vraoum
Tão naturalmente
Como a guerra
O desemprego e a miséria
Entre cristãos e muçulmanos.

 

                                        2007                               

      
*

 

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Página publicada em junho de 2021


 

 

 
 
 
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